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DESENVOLVENDO A AUTOCOMPAIXÃO: COMO É POSSÍVEL HAVER GANHOS EM SUA VIDA?

Atualizado: 11 de mai. de 2022

As práticas contemplativas têm ganhado amplo destaque no campo das terapias cognitivas. Pode-se dizer que a prática do mindfulness (atenção plena) tem ocupado um papel fundamental nesse cenário, estando presente nas principais terapias contextuais (também chamadas de “terceira onda”). O avanço das pesquisas em mindfulness tem despertado interesse em outros assuntos relacionados, como vem acontecendo com a compaixão. A compaixão pode ser entendida como a experiência de estar aberto à presença da dor ou sofrimento do outro (e por isso o mindfulness), aliado a um desejo de alívio e mobilização. Do mesmo modo, pode-se entender como autocompaixão quando essa abertura, cuidado e intenção se direcionam ao nosso próprio sofrimento.




Ainda são recentes as pesquisas sobre autocompaixão, então é comum que se dê maior ênfase ao desenvolvimento da autoestima, e também que, algumas vezes, os termos se confundam. Sabe-se que um baixo nível de autoestima está relacionado com depressão e ansiedade. No entanto, algumas vezes a busca por autoestima pode ser problemática quando não há autocompaixão. Geralmente na ausência de autocompaixão, a manutenção da autoestima vai depender da presença de desfechos favoráveis. Ao passar por adversidades, o indivíduo pode se tornar extremamente autocrítico. É comum que essa autocrítica se torne uma resposta habitual, sendo responsável por uma cronificação do estresse, uma vez que ela ativa um sistema de ameaça-defesa. Desenvolver a autocompaixão nesses casos é muito importante, pois uma postura compassiva (e autocompassiva), em contrapartida, ativa o sistema de cuidado, regulando o estresse resultante da ameaça percebida.



A autocompaixão pode ser praticada e promove uma série de ganhos. Pesquisas mostraram que a prática formal (meditativa) da autocompaixão está relacionada a um aumento dos afetos positivos e menor reatividade aos afetos negativos, bem como menor probabilidade de ruminação, ansiedade e depressão. Pesquisas apontam que os indivíduos que desenvolvem a autocompaixão expressam mais frequentemente comportamentos pró-sociais, tornando-se mais empáticos e mobilizados a ajudar o outro.

Além disso, pessoas autocompassivas tendem a ter mais disponibilidade na resolução de conflitos e manter relacionamentos mais saudáveis. O desenvolvimento da autocompaixão também está relacionado a maior engajamento no cuidado da saúde física e mental. Finalmente, a autocompaixão permite a avaliação de diferentes perspectivas frente a um sofrimento, diminuição do medo do fracasso e maior resiliência.

Assim como as práticas contemplativas, o desenvolvimento da autocompaixão tem se mostrado um importante processo a ser trabalhado na prática clínica. A autocompaixão envolve aspectos afetivos (o que se sente do sofrimento), cognitivo (a percepção do sofrimento) e motivacional (a mobilização de diminuir o sofrimento). Deste modo, uma atitude autocompassiva supõe uma postura de abertura, cuidado e enfrentamento, sendo assim fundamental tanto para o progresso e engajamento do cliente com a terapia, quanto para o desenvolvimento do próprio terapeuta.



 

Texto: Gabriel Talask


Gostaria de saber um pouco mais sobre o assunto?


Dica de material:

VÍDEO:

Compassion Focused Therapy with Dr Paul Gilbert:


LIVROS:

  • Garcia-Campayo, J., Marti A. & Demarzo M. (2018) A Ciência da Compaixão. São Paulo: Palas Athena

  • Neff, K. (2018). Autocompaixão: pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Teresópolis: Lucida Letra.


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