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Contribuições das TCCs no manejo do estresse de minorias sexuais e de gênero

Atualizado: 27 de jul. de 2021

Ser lésbica, gay, bissexual ou trans (LGBT) pode significar ter maior propensão a desenvolver transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade generalizada, ansiedade social, estresse pós-traumático etc. Pode chegar até a duplicar o risco de suicídio, quando se compara os índices da população LGBT com pessoas com as mesmas características sociodemográficas, só que heterossexuais e/ou cisgênero.


Há algum tempo, se diria que é o fato de a pessoa não ser heterossexual ou cisgênero que faria com que ela desenvolva certas patologias. Ainda existe muita gente por aí propagando esse tipo de discurso que, além de antiético, está desatualizado, e promovendo terapias de conversão de sexualidade e/ou gênero (a chamada ‘cura gay’). Porém, não parece haver evidências empíricas de que a orientação sexual ou a identidade de gênero de uma pessoa impacte, por si, sua saúde mental. Neste sentido, práticas baseadas em evidência (como as terapias cognitivo-comportamentais) não podem partir de premissas já falseadas ou que não podem ser falseadas (como ideias baseadas em outros tipos de crenças).

O fenômeno do preconceito, composto pelos processos de estigmatização e discriminação, é um bom exemplo de estresse social e pode explicar os desfechos críticos de saúde mental dessa população. A teoria do estresse de minorias, uma teoria interseccional desenvolvida nos Estados Unidos pelo pesquisador Ilan Meyer no início dos anos 2000, é a explicação que mais tem encontrado evidências na explicação do agravamento da saúde mental de pessoas LGBT. A teoria postula que minorias sociais teriam contato com estressores crônicos específicos derivados de sua condição de vulnerabilidade psicossocial, e que quanto mais status de minoria se tem, mais estressores crônicos se acumulam e mais impactada é a saúde mental de um indivíduo.

As Terapias Cognitivo-Comportamentais podem ser úteis no trabalho com pacientes LGBT e no manejo do estresse de minorias. Enquanto práticas baseadas em evidências, as TCCs podem auxiliar indivíduos LGBT a encontrar maneiras de questionar e reestruturar crenças disfuncionais e a construir uma identidade social positiva, ampliando o apoio social e a conectividade comunitária de modo a possibilitar experiências mais plenas, distintas de dinâmicas de vergonha e auto-ódio.

 

Texto elaborado por:

Fernanda Paveltchuk.

Terapeuta Cognitivo-Comportamental. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Doutoranda pelo IPUB/UFRJ. Pesquisadora com ênfase em estresse de minorias, população LGBT e TCC. Professora do FOCO.

 

Referências:

  • Pachankis, J. E. (2014). Uncovering clinical principles and techniques to address minority stress, mental health, and related health risks among gay and bisexual men. Clinical Psychology: Science and Practice, 21(4), 313-330.

  • Paveltchuk, F., & Borsa, J. C. (2020). A teoria do estresse de minoria em lésbicas, gays e bissexuais. Revista da SPAGESP, 21(2), 41-54.

  • Paveltchuk, F. & Carvalho, M. R. (no prelo). Contribuições das terapias cognitivo-comportamentais no manejo do estresse de minorias em lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans. In: M. R. Carvalho, E. M. de O. Falcone, L. E. N. Malagris, & A. D. Oliva. Produções em Terapia Cognitivo-Comportamental: Integração e Atualização. Editora Artesã.


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